28 de nov. de 2009

SER GREMISTA! por Hunberto Gessinger

“CALMA!! CALMA!!” é o técnico Valdir Espinosa à beira do gramado tentando fazer o time acreditar que falta pouco para o Grêmio ser campeão mundial interclubes. O tom da voz entrega: nem ele parece acreditar no que vê.

“CALMA!! CALMA!!” o grito absurdo da voz rouca parece dizer o contrário. Alguém que não entendesse português (os japoneses no estádio de Tóquio, por exemplo) poderia jurar que o significado das palavras urradas era outro: “PÂNICO!!PÂNICO!!”

Renato, um gaúcho que sonhava ser carioca, faz dois gols: somos campeões batendo o Hamburgo da Alemanha com a alma castelhana misturada a habilidosos pistoleiros de aluguel. Uma mistura impossível de Hugo De Leon e Paulo Cesar Caju. Geograficamente entre o tango e o samba.

O ano é 1983 e a década inicia promissora. Os anos setenta foram cruéis para o imortal tricolor: no lado de lá se via Figueroa, Falcão, Carpegiani, um céu vermelho sobre o Rio Guaiba. Eu deveria negar até a morte, mas a verdade é que, nos primeiros grenais que assisti, o empate parecia um grande negócio. Nova década, a gangorra do futebol gaúcho parecia estar mudando de posição.

“CALMA!! CALMA, PORRA!! Talvez forma e conteúdo nunca tenham estado tão afastados. Assim como nada pode estar mais distante do ufanismo de um hino do que a dor de cotovelo de um samba-canção. E foi justamente Lupicínio Rodrigues quem prometeu “Até a pé nós iremos / para o que der e vier / pois o certo é que nós estaremos / com o Grêmio onde o Grêmio estiver”

Nosso hino sempre me pareceu mais a promessa de um amante fazendo a ronda nos bares do que o juramento de um guerreiro. Mas é como guerreiros praticantes de um futebol rugby que somos vistos pelo resto do Brasil.

Longe demais das capitais, nunca fomos importantes para a seleção brasileira. Ganhamos campeonatos nacionais e Libertadores da América sem ter jogadores convocados. Em 1970, no México, tínhamos Everaldo… reza a lenda que ele só foi titular por que alguém tremeu. Eu tinha 6 anos e fui ao aeroporto vê-lo chegar com a taça Jules Rimet. Para nós a seleção era ele mais dez.

Ser gremista significa qualquer coisa menos tédio… é gritar desesperadamente: CALMA!!… é comer o mingau quente pelas bordas e saber que, no bom churrasco, a melhor carne está perto do osso. Nosso time faz milagres, mas quase sempre prefere os caminhos mais tortuosos.

Jogar o gauchão no inverno não é nada parecido com futivôlei em Ipanema. Me lembro de um jogo à noite na serra gaúcha (Bento Gonçalves, Garibaldi, Caxias… não sei) disputado com neve caindo. Nossa camisa já é bonita contra o verde; sobre o branco, o azul-preto-branco ficou mais blues-samba-canção.

Torcer pelo imortal tricolor dos pampas é ter certeza de que nada é certo. É ir para a Segunda divisão pouco depois de ser campeão do mundo… é voltar a disputar o título mundial e engrossar um jogo tido como ganho pelo Ajax da Holanda… é ganhar uma copa do Brasil do Flamengo num maracanã lotado… é perder uma copa do Brasil para o Corínthians no Estádio Olímpico e cantar o hino com orgulho ao final do jogo…

Aqui na ponta do mapa a gente não sabe muito bem o que é ser gaúcho… ser gremista é parecido com isto. É chamar de Felipão quem os paulistas chamam Scolari… é começar o time com um bom zagueiro… o número 10 a gente vê depois.

No fim de um show que fizemos num Morumbi lotado, agradeci: “Valeu pessoal, foi um prazer tocar em frente à goleira onde Baltazar fez o golaço contra o São Paulo que nos deu o título brasileiro de 1981!” Recebi a maior e melhor vaia da minha vida.

Ser gremista é achar que dá.
Humberto Gessinger – Porto Alegre
Publicado originalmente na revista VIP

26 de nov. de 2009

26 de novembro de 2009



Hoje, 26 de novembro de 2009, são comemorados 04 anos da Batalha dos Aflitos!
O dia em que o Grêmio reafirmou a imortalidade! Mostrou a raça, a fribra, o diferencial de ser Gremista! É esse espírito, essa pegada, essa RAÇA que esperamos do time em 2010!

"Pois naquele sábado inigualável eu vi o Grêmio que me fez virar gremista. O Grêmio do sangue no rosto de de León, o Grêmio dos pontapés de Dinho, o Grêmio dos gols feios de Jardel, o Grêmio de Felipão, o Grêmio da paixão de Paulo Sant’anna, o Grêmio da veneração de Eduardo Bueno. E, mais do que tudo, vi o Grêmio de toda a nação que usa as três cores como uma segunda pele."

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